Segunda-feira, 4 de Julho de 2005
Apresentação da candidatura


PORQUE ESTOU NESTA CANDIDATURA


Pela Cidade de Lisboa. A minha cidade, onde nasci, cresci e onde vivo.

Para a qual trabalhei, que conheço não apenas como cidadã residente, no meu quotidiano, mas que conheço também pelo meu trabalho em algumas das mais importantes instituições que servem esta cidade e os seus cidadãos.
Dirigi-as, por meu modo de ser, no contacto directo com as pessoas, nas ruas, nos bairros, nas freguesias onde se desenrola o seu dia-a-dia onde se entendem os seus problemas, as causas destes e as possíveis soluções.

As pessoas conhecem-me e sabem que sou uma mulher de compromissos. E encerrado o compromisso com a SCML, bem importante, que cumpri com alegria, rigor e escrúpulo, posso assumir um novo compromisso em toda a sua plenitude e com todas as implicações que dele decorrem e decorrerão.

Estou a dizer-vos que eu vou para a Câmara de Lisboa.
Vou cumprir o mandato que os Lisboetas me derem.
E fá-lo-ei nos termos em que, hoje, assumo este compromisso publicamente.

Estabeleço aqui, uma nova aliança com os Lisboetas.

COMO ESTOU NESTA CANDIDATURA

Venho com uma teoria geral sobre Lisboa. Uma linha de fundo, um fio condutor aberto, suficientemente aberto para que o tempo de campanha não seja um tempo de certezas absolutas, mas antes um tempo de ouvir e sentir, perceber melhor e reflectir, até chegar a uma oferta identificada com o real, o concreto, a diferença, o detalhe. A campanha será também um processo de aprendizagem.

Porque a cidade é uma vida colectiva, que pela sua natureza cruza diversidades, conflitos e interesses, sabemos que o seu projecto tem de ser sempre um projecto de compromisso.

A vida das pessoas, de todos nós, de cada um de nós, dos Lisboetas, é também feita de pequenas coisas concretas.

São elas o importante, muito mais do que os grandes dossiers, os projectos de grande impacto mas fracos resultados, as teorias aparentemente quase perfeitas.

São elas que permitem rapidamente melhorar as condições de vivência e convivência dos Lisboetas no seu dia-a-dia, na resposta eficaz e qualificada das suas necessidades habituais.

É a cidade do quotidiano.

Convém lembrar que a CML existe porque existe a cidade e os Lisboetas. Não é um fim em si mesma. Não é o termo da corrida eleitoral. E também não é um instrumento para fazer o que eu penso, ou o que os candidatos no geral pensam, mas para realizar o que os Lisboetas querem e precisam:
- bons serviços
- respostas em tempo útil
- transparência
- informação, etc.

Penso, pois, fazer oportunamente a apresentação da equipa que me acompanhará e do programa da candidatura.

Essa vai ser a ocasião de expor com clareza o que penso que a Câmara pode, por exemplo, fazer pelos jovens da nossa cidade que é muito mais do que prometer-lhes habitação; como pode Lisboa situar-se no plano das cidades mais competitivas; porque penso que a actividade turística deve ser considerada um desígnio para a nossa cidade e a consciência do que isso implica; porque devemos apostar forte pelos municípios vizinhos numa Área Metropolitana que não seja apenas mais papel e que seja sentida pelos seus habitantes; porque deve uma Lisboa com mais solidariedade praticar o reconhecimento pela dignidade da velhice; porque acho que os lisboetas, no seu interesse, devem ser exigentes com o meio ambiente que reclama, a seu respeito, um compromisso cívico; insistirei na ideia de que as boas práticas podem mais e dão melhor resultado do que o betão; também como podemos fazer para que se perca menos tempo no congestionamento automóvel; para que as nossas ruas e avenidas sejam mais seguras e os passeios não sejam um prolongamento das ruas, mas coisa diferente e que pertence de facto aos peões.

Estes são alguns exemplos de questões em que a nossa candidatura vai insistir.

É para uma forma diferente de administrar Lisboa, para uma população que queremos mais feliz, para uma cidade com elevado grau de auto-estima e que não se resigna a ser resignada, que vamos trabalhar.

E é por isso que não será nunca uma colagem de temas mediáticos, uma réplica às ideias alheias ou um puro exercício de retórica.

SABER FAZER

As cidades tornam-se frequentemente ingeríveis. Não são realidades homogéneas, implicam aspectos diversos, alguns muito técnicos; e ainda interesses por vezes desagregadores.

Venho com a convicção absoluta, que aliás a minha experiência profissional sempre confirmou, que o que se espera de quem aceita este tipo de responsabilidades é saber fazer.

Serão certamente muito importantes os conhecimentos técnicos, a capacidade de projectar, a coragem de decidir inteligentemente.

Mas estamos aqui para fazer.

Eu sei fazer. É fazer, realizar, concretizar, o que mais me motivou ao longo de muitos anos de trabalho público.

Vivemos hoje numa cultura de alibis que leva a desperdiçar energias, tempo e recursos em justificações de toda a ordem para explicar porque é que as coisas mais simples não acontecem. Porque razão se arrastam os problemas, porque motivo sobre o mesmo assunto se pensa isto e o seu contrário, porque se constatam erros crassos na concepção e execução de grandes obras.

Para justificar, afinal, negligências e incompetências de toda a ordem que se traduzem num enorme atraso. É pois urgente exigir que se faça. Os Lisboetas não querem mais projectos e teorias, ideias brilhantes e soluções inexequíveis.

Os Lisboetas querem a concretização de objectivos claros, simples, qualitativamente importantes. Querem boas práticas. E querem responsabilidade.

Mas ao contrário do que alguns pensam ninguém faz nada sozinho.

Diria mesmo que, nem sequer com uma excelente equipa, um candidato à Presidência da CML pode dar garantias de que fará e fará bem. A Câmara não é só um Presidente e a sua equipa.

A Câmara é também uma macro-máquina que tem de funcionar. Que tem de ser gerida.

A CML é uma capacidade instalada que é preciso pôr em funcionamento com a máxima eficiência. Um conjunto muito significativo de recursos humanos, técnicos, financeiros, físicos que são indispensáveis para operacionalizar as decisões.

A presidência da Câmara é pois, também, uma questão de liderança.

Eu tenho experiência de liderar grandes organizações. Tenho resultados nessa matéria. Estabelecer objectivos e alcançá-los, gerir máquinas complexas e potenciá-las, gerir pessoas e motivá-las.

Repudio em absoluto uma presidência que minimize este aspecto. Que subverta a cadeia hierárquica, dispense a capacidade instalada, despreze o capital acumulado de experiência e conhecimentos técnicos que a CML possui, e prescinda do seu capital humano. As instituições devem renovar-se sem rupturas.

Eu trabalharei com os Serviços da CML.

Eu trabalharei com os seus técnicos.

Eu contarei com eles para cumprir o propósito de fazer e fazer bem.

Só com um presidente, uma equipa, uma máquina bem gerida, um conjunto de Serviços devidamente organizados, dimensionados e enquadrados, será possível fazer em tempo útil.

Porque também não basta fazer. Nem fazer bem. É preciso fazer em tempo útil.

Deixem-me falar um pouco do tempo. É minha convicção que um dos maiores problemas que o país enfrenta é o desperdício do tempo e o desprezo pelo factor tempo. Portugal não tem tempo. Lisboa também não tem tempo a perder.

Como se explica que tantos projectos se arrastem indefinidamente através de diferentes mandatos?

Que licenças de que os cidadãos precisam para as coisas mais simples demorem anos, que respostas elementares demorem meses, que obras de pequena dimensão se arrastem indefinidamente? Que tudo se transforme num universo de pendência e espera? Que se aceite que é assim, porque não pode ser de outra maneira. Quem disse que não pode?

Como podemos aceitar o arrastar de respostas a que temos direito como uma fatalidade inevitável? Porque nos predispomos a esperar passivamente por aquilo a que temos direito?

É uma cultura de exigência e responsabilidade que marca a minha candidatura.

Mas olhando para a cidade, e conhecendo-a como a conheço, não posso deixar de vos referir que dou e darei a maior importância à coesão máxima da rede que sustenta Lisboa.

Refiro-me naturalmente às Juntas de Freguesia. Hoje fala-se tanto de rede de proximidade mas temo que o conceito se mantenha ainda teórico. Estar próximo do cidadão é o único modo de ter uma percepção clara das suas aspirações e necessidades. É também a única forma de tornar os cidadãos legítimos fiscalizadores da nossa actividade. Finalmente, sem essa proximidade, nunca ganharemos a dimensão de tempo útil para fazer o que deve ser feito.

Quero afirmar que, como Presidente da Câmara, verei as Juntas de Freguesia, todas, como uma primeira linha preciosa para o nosso trabalho colectivo. Porque é na cidade que se faz a cidade.
Comigo, a CML será um parceiro natural, privilegiado e útil nas relações a estabelecer com qualquer Governo, na busca das melhores soluções para a Cidade e não apenas para negociar apoios financeiros, especialmente quando se aproximam as campanhas autárquicas.
Não posso nem quero aceitar que assuntos tão relevantes como os comboios de alta velocidade, a localização ou deslocalização de aeroportos e outros equipamentos como hospitais, sejam como até aqui, decididos à revelia dos Lisboetas que deles só tomam conhecimento, quase sempre pela comunicação social.

Em suma, como em muitos outros sectores da vida portuguesa, também aqui existem diagnósticos e consensos suficientes. Muitos estudos foram feitos por Universidades, organismos como o LNEC, Fundações, etc.... Porque será que estão na gaveta?
Porque falta vontade, visão, capacidade de fazer. É aí que nos propomos estar.

PARA QUEM ESTOU NESTA CANDIDATURA

Lisboa é, hoje, uma cidade fragmentada, labiríntica e geradora de múltiplas causas de isolamento.

Dentro desta cidade que vemos existem cidades ocultas, que eu conheço, e de que devemos urgentemente cuidar.

Numa cultura que nos quer fazer acreditar que só existe o que se vê, eu comprometo-me desde já, na linha do que sempre fiz, a cuidar do que não se vê, daqueles que não são vistos, não têm voz, mas contudo existem e são para nós muito, mas muito importantes.

- Tenho perfeitamente identificados os grupos que habitam na cidade de Lisboa.

- Percepciono claramente os riscos da sua estratificação social e geracional.

- Subscrevo a urgência de fazer emergir o conceito de bairros como um outro modo de vida humana em contraponto às grandes massificações.

- Sei que esta é uma cidade muito envelhecida e onde os idosos vivem num graus crescente de dependência e isolamento.

- Sei como são as bolsas de pobreza persistente, o efeito devastador da droga, das novas doenças como factores de desorganização das famílias e causas de isolamento.

- Vi, com pena, a reincidência em políticas de realojamento estruturalmente erradas.

- Vivo numa cidade que é, já hoje, claramente multi-étnica e multi-cultural, em que a verdadeira integração responsável terá de ser, uma palavra de ordem.

- Sei como Lisboa está longe de ser uma cidade saudável e de como cresce a morbilidade da pobreza.

- Vejo como é difícil ser-se deficiente em Lisboa, muito mais difícil do que em qualquer outra cidade europeia. E envergonho-me.

- Conheço como é duro constituir e criar família nesta cidade, sem equipamentos suficientes para uma qualidade de vida aceitável.

- Sei como é difícil, sendo-se novo e em começo de vida activa, conseguir sequer, uma casa para morar. Ao mesmo tempo que se deixa degradar uma imensidão de património imobiliário público ou privado.

- É visível o pouco que se tem investido na cidade como vida colectiva e integradora.

- Sei como o lazer é fundamental e, para ele, a correcta apropriação do espaço público.

É para todas estas pessoas e por todos estes motivos que estou, Candidata nesta campanha.

Mas Lisboa é também uma cidade onde diariamente muitos cidadãos dos concelhos limítrofes passam grande parte do seu dia-a-dia. Da população empregada no concelho, e estimada em meio milhão de activos, apenas 35% é residente em Lisboa.

A nossa luta será a de tornar esta cidade menos hostil e menos madrasta. Para tal estaremos com todos para promover a construção séria de uma rede social que envolva Saúde, Segurança Social, IPSS’S, Estado e Sociedade civil para concertadamente criar respostas sustentadas. Vamos ouvir quem sabe, incorporar muitos estudos e diagnósticos já realizados sem querer tudo inventar.

Vamos fazer. Vamos fazer bem. Vamos fazer em tempo útil.

Para tornar Lisboa uma cidade inteligente e humana.

Porque Lisboa será tão mais humana, quanto mais inteligente e tão mais inteligente quanto mais humana.
Connosco. Lisboa em boas mãos.


publicado por Maria José Nogueira Pinto às 19:09
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